quarta-feira, 21 de julho de 2010

Laura Marling - I Speak Because I Can



Tivemos a lista dos indicados ao Mercury Prize, prêmio inglês normalmente associado a palavras como "respeitável" e "prestigioso". Nomes como Wild Beasts, The XX, Paul Weller e alguns que já foram recomendados aqui mesmo: Foals e I Am Kloot. Aqui começa outra recomendação; esse album, o segundo da jovem Laura saiu no começo do ano e já foi devidamente escrutinado por aí. Esperei um pouco para falar dele, esperando uma certa "maturação" das impressões que tive nas primeiras audições. E a impressão mais clara é que Marling cresceu como compositora de forma espantosa em um espaço de um disco e poucos anos: o twee pop folk do primeiro disco era bastante interessante, e já mostrava que a inglesinha podia estabelecer um caminho longevo. Mas nada poderia nos preparar para "I Speak Because I Can". Modulando seus alcances vocais, criando imagens em primeira pessoa ou como personagens, Laura parece compor sem esforço como uma encarnação moderna de Nick Drake. Não sabemos muito sobre quais atribulações ela passou em sua vida pessoal, exceto pelo fato de que Charlie Fink (do Noah And The Whale) demonstrou o quanto a separação dos dois o afetou: ele escreveu um disco inteiro sobre isso. Nada que Laura não possa expressar de sua própria maneira: ela parece estar vivenciando grandes descobertas, e compoe sobre isso como uma adulta. Parece simples, mas isso envolve algumas habilidades que só compositores especiais possuem: Boa melodista, equilíbrio nos arranjos, letras que envolvem e punch: ouvir isso aqui pode ser como um soco no estômago. Exemplo em "Hope In The Air": Why fear death/ be scared of living/ oh, hearts are small and ever thinning/ there is no hope ever of winning". Não exatamente a eloquência de seu compositor indie-padrão; a substância dessas músicas vai além de cantar sobre clichês de escuridão/devassidão/hedonismo, etc. Claro, precisamos do pop solúvel, fácil e descompromissado. Mas a ausência de grandes letristas no cenário atual faz crescer ainda mais a luz sobre Laura Marling. 8,5/10

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