quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Frightened Rabbit - The Winter Of Mixed Drinks


Desde que lançaram o clássico indie da dor de cotovelo The Midnight Organ Fight, em 2008, esses escoceses estão no radar da boa música vinda do norte britânico. Aquele álbum escancarava feridas emocionais e turbulência sentimental de forma crua, nas letras certeiras de Scott Hutchison e na forma como as melodias se espremiam dinamicamente para acomodar versos pontiagudos. Esse terceiro disco, lançado no início do ano, mostra a banda experimentando mais sonicamente, ao passo em que Hutchison deixou um pouco de lado o tom confessional de Midnight...; claramente é um álbum construído com precisão no estúdio, camadas de guitarras, ecos e arranjos distribuídos por todas as partes. Se a dinâmica se perde um pouco entre tantos detalhes, o resultado final é muito satisfatório, evitando aquela sensação de repetição de linhas melódicas. Things abre o disco de forma discreta, guitarras sujas e um vocal de intonação crescente. Se as letras não possuem aquele choque de impiedosa melancolia, Hutchison ainda espalha pequenos versos interessantes:"I didn't need these things / didn't need them, oh / Pointless artifacts / A mediocre past". O primeiro single, Swin till You Can't See Land é uma ode á reconstrução e redenção levada por uma percussão e um piano ausentes em discos anteriores. Scott se pergunta: "Are You A Man / Or a bag of sand?". Talvez a melhor composição do Frightened Rabbit até agora, Skip The Youth abre com dissonâncias e vai se organizando até o final barulhento:"Skip The Youth / I'm aging too much / Skip the youth / it's aging me too fast". Curioso notar que a essência das letras da banda é um dos pontos fortes, mas também pode ser uma barreira ao sucesso comercial. Juntar numa mesma música as palavras "câncer", "tumor", "pós- cirurgia" "doloroso" ( Nothing Like You ) não é exatamente o caminho para a playlist das rádios. Especialmente quando tal coleção de palavras é só uma maneira mais tortuosa de contar para a ex sobre uma nova namorada. Se o Frightened Rabbit está fadado a ser nota de página em enciclopédias futuras, pelo menos coleciona dois clássicos cult em sequência na carreira. Não é pouca coisa. 8,5/10

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