quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Entrevista: Garotas Suecas


Não há dúvida que 2010 tem sido um ano muito especial para o pessoal da banda paulistana Garotas Suecas: Escaldante Banda, o primeiro disco deles, foi lançado há pouco, acompanhado de elogiados shows nos EUA e aqui no Brasil. A "homecoming gig" deles no Sesc Pompéia, em Novembro, foi algo memorável;(dia 3, sexta, tem show em Sao Paulo, no Estúdio Emme) Olhando agora, o futuro parece brilhante. E é nesse momento "quente" que Tomaz Paoliello, guitarrista e compositor da banda, gentilmente falou com o Music For The People a respeito da carreira, internet, cena independente e sobre "delicadeza e brutalidade" :

Escaldante Banda soa como um trabalho bem definido e seguro. Quão importantes foram os anos que precederam esse lançamento para a sonoridade do disco?

Obrigado pelo elogio. Os anos foram fundamentais. Chegamos numa sonoridade que foi amadurecida com o passar do tempo. Acho que dá pra perceber uma evolução desde nossos primeiros EPs, passando pelo "Dinossauros", até esse disco. O formato também faz diferença, um disco com 1o músicas é muito diferente de um com 5, muito mais amplo.

Com a distribuição mais rápida e acessível das músicas pela internet, há uma percepção de um "work-in-progress" das bandas novas. Elas vão amadurecendo de forma mais exposta. Vocês já chegaram a sentir alguma insegurança quanto a isso?

Não, e não temos medo de abir mão da cara que a banda tinha há alguns anos. É bem legal poder ver isso nas bandas. Acho que essa percepção de work in progress não é exclusividade dos dias de hoje. As maiores bandas do mundo tiveram isso. É só ver a carreira dos Beatles ou dos Stones pra perceber a diferença entre os primeiros discos e os discos mais "perto dos 30 anos"...

A banda é sempre muito bem avaliada pela imprensa gringa, vocês voltaram há pouco dos EUA...Algum plano específico para o mercado de fora?

Não temos nada específico. Agora estamos focados em lançar o disco aqui no Brasil. Sabemos só que nosso próximo trabalho vai ter que ser feito pensando tanto no mercado lá fora quanto no brasileiro... (nota do blog: Escaldante Banda foi lançado nos EUA pelo selo californiano American Dust)

A mídia tradicional e os blogs são categorias excludentes ou complementares para o jornalismo musical? Quem pauta quem hoje em dia, do ponto de vista de quem produz música?

São complementares, e espero que os blogs cresçam cada vez mais no Brasil. É ótimo para as bandas novas, e são um meio muito dinâmico. Quem pauta é a banda, que precisa produzir material bom e virar notícia. Os blogs geralmente chegam antes, porque são muito mais "enxutos", mas a notícia não tem um sentido linear...

Os shows da banda são sempre muito animados, com um caráter quase celebratório; Mas há nas letras um certo romantismo latente...parece uma coisa meio catártica, de botar pra fora os sentimentos. Isso é o lado "soul" ou o lado "rock" dos Garotas?

Acho que é um lado comum desses dois tipos de música e também da música brasileira. O show tem que rolar assim. Acho que o roque, o soul, a música brasileira, a música popular de uma maneira geral, principalmente ao vivo, têm um aspecto ritualístico que é uma das melhores partes. Precisa ter um caráter sexual, uma dose de sacanagem. Tem que ter, ao mesmo tempo, delicadeza e brutalidade, se é que isso faz sentido.

Por fim, muito se fala sobre o cenário independente em São Paulo. Dá pra se sentir parte de algum tipo de momento especial rolando na cidade?

Não sei. A cidade sempre tem muitas bandas circulando, e o pessoal se conhece, divide palcos, frequenta os shows uns dos outros. Não sinto que agora seja diferente de alguns anos atrás, mas acho que o estilo geral da cena se deslocou do roque para uma coisa mais aberta, o que eu acho positivo. Acho também que o independente é um aprendizado conjunto do público, das bandas e do pessoal que trabalha com isso. Quando vamos para os EUA ficamos impressionados com a cena independente lá, e acho que o Brasil tem amadurecido também. Pelo menos nós amadurecemos.


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