terça-feira, 1 de março de 2011

The Low Anthem - Smart Flesh


Pouca gente presta atenção, mas esse já é o terceiro disco do quarteto americano de Providence. Depois da atenção tardia dada ao segundo album Oh My God, Charlie Darwin, Smart Flesh é mais uma pequena obra prima desses caras. Alguém pode dizer que bandas com raízes profundas no folk e no country são como pragas, já foram chamadas de alt.country, americana e outros termos. Quase sempre fazendo a alegria de jovens que nunca ouviram nenhum disco de Pete Seeger ou Woody Guthrie, e nem fazem idéia do que representa realmente o folclore popular ancestral da Asia, ou mesmo da Europa. Inevitavelmente, essas bandas (e principalmente os trovadores torturados) vão parar em trilhas de filmes medíocres ou séries de tv, ilustrando cenas "melancólicas".

O Low Anthem não é nada disso. Eles não tocam seu violãozinho e reciclam bobagens. São músicos de verdade, tocam diversos instrumentos, trabalham harmonias vocais complexas e constroem paisagens belíssimas, sem apelações. O conhecimento musical deles vai além do trivial: quando voce acha que o disco caminha pra um minimalismo, entra um furacão; quando o vocalista abusa do falsete em uma canção, na próxima parece um Tom Waits do inferno.

Smart Flesh é menos delirante do que ...Charlie Darwin nesse sentido. É mais tranquilo e delicado, mas não menos elaborado. E é exatamente nessa aparente linearidade que se escondem os mais belos pedaços de música: Cada instrumento inserido parece dar cor a um determinado verso, ou mesmo quando há apenas a instrumentação e o silêncio, esse jogo é feito de forma tão magistral que praticamente dizima a "nata" da produção, aham, indie do gênero. Exemplo: Wire, sem vocais e tão efetiva.

Gravado em uma fábrica abandonada, o ambiente hermético e não usual pode ter trazido algum efeito de rádio AM para alguns sons, enquanto Ben Knox Miller canta sobre "levar suas cinzas". Não exatamente seu poeta abandonado comum. No final, Smart Flesh é um disco mais lento que seu antecessor, que ganha mais relevância com algumas audições repetidas, e se isso pode ser colocado como fraqueza, então que seja o ponto crítico do disco. Mas também vai demorar muito mais pra voce enjoar dessa coleção de músicas, que de velhas possuem apenas o formato: foram escritas por pessoas que vagam nesse mundo brutal, digital e rápido. E que transcrevem essas emoções por meio de acordes atemporais. 9/10

Nenhum comentário:

Postar um comentário