segunda-feira, 18 de abril de 2011

Battles - Gloss Drop


Math-rock não é um gênero tão bem definido assim; e não vamos aqui aprofundar a discussão porque Gloss Drop, segundo disco dos americanos do Battles, é simplesmente um ataque sônico divertido: mudanças de tempo, angularidades e precisão rítmica estão presentes. Quem não está é o multi-instrumentista Tyondai Braxton, que deixou o grupo. E aqueles que acreditavam na dissolução do Battles, devem agora se perguntar se Tyondai não amarrava demais o horizonte criativo dos caras.

Com espaço sobrando na estrutura, o Battles convidou alguns sujeitos para participar do disco: o chileno Matias Aguayo, Yamantaka Eyes (líder do japonês Boredoms), Kazu Makino (Blonde Redhead) e o guru do synthpop Gary Numan. Mais do acrescentar algumas cores a mais no formato musical, os convidados ajudaram a redefinir o "novo" Battles: um grupo que não perde a consistência de sua personalidade, mas se diverte ao buscar novos elementos.

Dominican Fade, um pequeno número instrumental no meio do album, soa como se robôs tentassem tocar instrumentos reais, programados para algo tropical, mas acabassem de alguma forma se descontrolando. Aliás, para uma banda tão "cinza", o climão de verão surge com muita frequência durante Gloss Drop: Ice Cream (doh!), com os vocais de Aguayo, é basicamente o sonho de composição de trocentas bandas que desejam se aproximar de ritmos "exóticos"e soar cool. O Battles ensina: trabalhando com ferramentas usuais, instintivamente mesclam algum remelexo no seu padrão não ortodoxo: o riff de guitarra que assinaria a carta de intenções é todo estranho e processado. Eles sabem que não poderiam tocar uma cumbia e sair andando por aí impunemente. Menos estética, mais inserção. Futura é mais fluida que qualquer coisa de Mirrored (disco de estreia), embora retenha a fórmula antiga. Inchworm é um exercício prático de rock experimentalista bate-cabeça. Wall Street é o som de uma banda arranhando as paredes de seu ambiente e avançando lentamente para algo mais acessível, sem diluir uma gota de sua santíssima bíblia de rock matemático. Gary Numan dá voz ao incansável objetivo da banda de transformar instrumentação convencional em um simulacro de música eletrônica. Humanos tocando como se fossem inumanos, essa inefável tarefa. Mas a busca é digna em My Machines.

Gloss Drop, portanto, é um passo adiante na sonoridade do Battles, um daqueles que não podem ser desfeitos. Agora é só olhar pra frente. Tchau, Tyondai Braxton. 8/10

Ice Cream (Featuring Matias Aguayo) by BATTLES

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