domingo, 11 de setembro de 2011

Wilco - The Whole Love


A banda de Jeff Tweedy vai resistindo ao tempo e ao escrutínio daqueles que se encantaram pela fase encapsulada a partir do quarto disco (Yankee Hotel Foxtrot, 2002), quando o Wilco se tornou uma banda mais "séria", capturando alguns experimentalismos com a ajuda do produtor e multi-instrumentista Jim O'Rourke. Até então, os álbuns dos caras de Chicago arranhavam os vestígios do alt.rock, mas mergulhavam sem vergonha em uma busca pela perfeição dos elementos básicos do rock. Melhor exemplo: Being There, de 96. A fase anos 2000 trouxe prêmios e mais elogios da crítica para a dupla Yankee / A Ghost Is Born (2004). O problema de se posicionar como uma banda de rock vanguardista - ou chata, dependendo de quem compara - é exatamente o patrulhamento daqueles que sempre esperam que o próximo disco seja uma espécie de afirmação definiva. Tweedy tratou de evitar tais especulações com Sky Blue Sky (2007) e Wilco (The Album)  (2009), discos "pequenos" e sem a mesma ambição. O único problema desses trabalhos não é a ausência de toques experimentais mas a falta de inspiração de algumas músicas, resultando na irregularidade. Em uma análise mais sensata, Tweedy estava em um período de transição criativa, exercitando seu poder de escrever boas canções com poucas intervenções de estúdio. Funcionou como ensaio para The Whole Love, como veremos a seguir:    

Art Of Almost, com sua eletrônica fria e germânica parece indicar uma volta aos tratados de estúdio, porém a música vai se desdobrando em algo mais orgânico, de forma que há um equilíbrio final elegante e calcado apenas em uma composição firme. I Might encontra o "velho" Wilco desenhando um pop redondo recheado com uma construção - ou reconstrução - de riffs e linhas de baixo soltas, emolduradas apenas pelos teclados.A leve psicodelia de Sunloathe reafirma a impressão de um Jeff Tweedy focado e longe da letargia. Até mesmo a simplicidade de Dawned On Me é entregue com mais energia e entusiasmo, versos, pontes e refrão trabalhando direitinho. Black Moon traz de volta a melancolia em um folk de arranjos densos: há uma química funcionando perfeitamente, a voz de Tweedy conduzindo uma espécie de valsa, com a steel-guitar e os dedilhados de violão. Uma aproximação com a emoção mais simples e a pegada de um par de versos adequados traz o brilho de Open Mind: não é apenas com intrincada combinação que se faz um disco vencedor.Standing O despeja um glam-rock destemido, seguido por Rising Red Lung, o tipo de minimalismo folk que atinge o ouvinte com a mesma eloquência da canção anterior: escalas diferentes, efeitos iguais. One Sunday Morning encerra o álbum com 12 minutos de delicada e insistente beleza: sem apelar para nada além de uma canção circular, o Wilco finalmente se livra de uma incômoda seca de trabalhos inteiramente convincentes. 

The Whole Love se insere na prateleira cada vez menor de discos de rock adulto: longe do superficialismo ou da redoma de ar rarefeito dos círculos indies atuais, longe do cabecismo que o próprio Wilco já flertou. 8,5/10 
     

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