quinta-feira, 7 de julho de 2016

O Yung Buda revela seu modo de vida incomum em seu EP de estreia




Só quem é de lá sabe o que não acontece. O interior de São Paulo pode ser um lugar inóspito, com seus motoristas de SUVs que não dão seta, aproximadamente zero opções culturais que não envolvam bandas cover de rock ruim ou dublês de Jorge Vercilo e outras tretas. Mas desse caldeirão do inferno do tédio pode sair coisa boa: durante anos o Sem Modos mostrou como beber vinho barato e ficar largado pela cidade com um baseado na mão poderia ser bom. Pena que a banda de Jundiaí se desfez, mas da dissolução vão surgindo nomes que mostram caminhos diversos e sagazes. Além do Julian e do Nill que saíram solo, o coletivo formado pela Sound Food Gang vai apresentando seu leque: a bola da vez é o Yung Buda, que produz e compõe seus sons levados por rimas em inglês, português e japonês.

Aliás, me parece que o coletivo rueiro ocupa o espaço de resistência criativa na cidade colada na capital, algo que nos anos noventa era de bandas de rock alternativo. Se o Nill pega o espírito vileiro e desconstrói temas como o racismo com humor, Yung Buda cria um ambiente mais sombrio no seu ep de estreia, Yamaarashi: em meio a letras que traduzem o cenário urbano e destilam sexo, estranhamento e violência, Buda vai distribuindo beats trap, vapor eletrônico e orientalismos. É algo que remete a literatura de Hitomi Kanehara, Enter The Void, bares sujos e fumaça. Vai ouvindo aí que embaixo rola um papo com o MC:




Conta um pouco sobre como você começou na música.

Comecei em um momento da minha vida que senti necessidade de expurgar minha angústia e expressar um modo de vida incomum que é minha realidade.

Rimar em outras línguas não é muito comum no rap nacional, pra você é algo mais natural?

Pra mim é natural. Sempre procurei aprender sobre outras culturas, só estou mimetizando flores.

O estilo de produção me soa bem climático, as vezes até cinematográfico, quais são suas inspirações?

Eu sempre gostei dos filmes do Tarantino. É como sinestesia. Escuto tudo que vejo.

E a galera da Sound Food, como é fazer parte? Como vocês se organizam?

Tem sido uma experiência muito boa. A gente tem convivido e aprendemos muito um com o outro. Delegamos funções e todos se cobram disso.

Quais os planos para o futuro?

Daqui pra frente eu pretendo soltar muitos álbuns. Acho que tenho muita coisa pra mostrar ainda. Tem um clipe que tá pra sair e já outros gravados. Também planejamos fazer um festival de música.

Baixe o disco aqui.

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